Promoção do direito a brincar nas escolas do 1.º ciclo do ensino básico em Portugal: impacto no índice de satisfação das crianças e nas interações no recreio

Autores

  • Ana Lourenço CIEC UMinho, IAC https://orcid.org/0000-0002-6869-6054
  • Beatriz Pereira CIEC-Instituto de Educação, Universidade do Minho, Portugal
  • Rui Mendes Instituto Politécnico de Coimbra, Escola Superior de Educação; CIDAF-Universidade de Coimbra https://orcid.org/0000-0002-2433-5193
  • Fernando Martins Instituto Politécnico de Coimbra, Escola Superior de Educação, Portugal; Instituto de Telecomunicações, Delegação da Covilhã, Portugal https://orcid.org/0000-0002-1812-2300

DOI:

https://doi.org/10.47197/retos.v50.99927

Palavras-chave:

Brincar, jogo, 1º CEB, recreio, crianças, saúde, covid-19

Resumo

Brincar é um Direito da Criança e considerando o tempo que as crianças passam no contexto escolar, este deve assumir-se enquanto contexto privilegiado para a promoção deste Direito. Foi implementado um programa de promoção do Direito a Brincar em escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico (1.º CEB) de Lisboa, com o objetivo de melhorar as oportunidades lúdicas das crianças em contexto escolar. O estudo realizado é de natureza quantitativa e apresenta o impacto do programa de intervenção nas dimensões da satisfação das crianças e das interações ocorridas nos espaços de brincar exteriores após a intervenção. Constituem a amostra 357 sujeitos, 188 raparigas (52.7%) e 169 rapazes (47.3%), com idade 8.65±0.789. A amostra foi dividida em dois grupos de intervenção (G1 e G2) e um de controlo (G3). Utilizou-se um questionário para recolha do índice de satisfação, criado pela equipa de investigação e o questionário “Identificação das atividades e interações das crianças nos recreios” (Pereira, et al., 2016).Os resultados evidenciam que os grupos de intervenção demonstram uma maior satisfação com as pinturas de chão, mas o mesmo não acontece em relação aos materiais. Em relação aos materiais utilizados e às atividades desenvolvidas não existiram diferenças entre os grupos e é notória a prevalência de atividades e materiais ligados ao movimento e não a outras modalidades de atividade lúdica. Assim, o programa foi eficaz apenas em parte da intervenção o que pode ser explicado pelo facto do mesmo ter decorrido em período de restrições sanitárias ligadas à pandemia COVID-19.

Palavras-chave: Brincar, jogo, 1º CEB, recreio, crianças, saúde, covid-19.

Referências

Albuquerque, C. (2000). Os direitos da criança: as Nações Unidas, a Convenção e o Comité. Gabinete de Documentação e Direito Comparado. PGR. Available online at: https://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/os_direitos_crianca_catarina_albuquerque.pdf

Alexander, S. A., Frohlich, K. L., & Fusco, C. (2014). Problematizing "play-for-health" discourses through children's pho-to-elicited narratives. Qualitative health research, (24)10, 1329–1341. https://doi.org/10.1177/1049732314546753

Amado, J., & Almeida, A. C. (2017). Políticas públicas e direito de brincar das crianças. Laplage Em Revista, (3)1, 101.

Cardoso, A., Guerreiro, A., Silva, A.P., & Lansdown, G. (2017). Formação em Direitos das Crianças. A Convenção em Prática. Referencial de Formação. Lisboa: CESIS.

Caro, H. E., Altenburg, T. M., Dedding, C., & Chinapaw, M. J. (2016). Dutch Primary Schoolchildren's Perspectives of Activity-Friendly School Playgrounds: A Participatory Study. International journal of environmental research and public health, (13)6, 526.

Coutinho, C.P. (2013). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas - Teoria e Prática (2ª edição). Lisboa: Almedina.

Cordovil, R., Ribeiro, L., Moreira, M., Pombo, A., Rodrigues, L.P., Luz, C., Veiga, G., & Lopes, F. (2021). Effects of the COVID-19 pandemic on preschool children and preschools in Portugal. J. Phys. Educ. Sport (21), 492–499

Creswell, J.W (2014). Research Design: Qualitative, Quantitative, and Mixed Methods Approaches. USA: Sage Publications.

Davey, C., & Lundy, L. (2011). Towards greater recognition of the right to play: An analysis of article 31 of the UNCRC. Children and Society (25)1, 3–14. https://doi.org/10.1111/j.1099-0860.2009.00256.x

DGS/DGE (2020). ORIENTAÇÕES. Ano letivo 2020/2021. Available online: https://www.igec.mec.pt/upload/PDF/Orienta_ano_letivo_2020_2021.pdf

Ermenova, B. O., Ibragimova, T. G., Sovetkhanuly, D., Duketayev, B. A., & Bekbossynov, D. A. (2021). Efecto educativo y de mejora de la salud de la actividad física del juego. Retos (39), 737–742. https://doi.org/10.47197/retos.v0i39.82548

Erwin, H., Ickes, M., Ahn, S., & Fedewa, A. (2013). Impact of Recess Interventions on Children's Physical Activity-A Meta-Analysis. American Journal of Health Promotion: AJHP. (28). 10.4278/ajhp.120926-LIT-470.

García Vallejo, A., Sánchez-Alcaraz Martínez, B. J., Hellín Martínez, M., & Alfonso Asencio, M. (2023). Influencia de un programa de recreos activos en la condición física de estudiantes de Educación Primaria. Retos (48), 222–228. https://doi.org/10.47197/retos.v48.96099

Hellín-Martínez, M., García-Jiménez, J. V., García-Pellicer, J. J., & Alfonso-Asencio, M. (2022). Frecuencia cardiaca y niveles de actividad física durante recreos escolares. Un estudio descriptivo. Retos (43), 422–427. https://doi.org/10.47197/retos.v43i0.88648

Hewes, J. (2014). Seeking Balance in Motion: The Role of Spontaneous Free Play in Promoting Social and Emotional Health in Early Childhood Care and Education. Children (1) 280–301.

Hyndman, B., Benson, A.C., Lester, L., Telford, A. (2017). Is there a relationship between primary school children’s en-joyment of recess physical activities and health-related quality of life? A cross-sectional exploratory study. Health Promot. J. Aust., (28), 37–43.

IAC (2020). Convenção sobre os Direitos da Criança. Lisboa: IAC.

IPA (1982). Declaração do IPA – A Criança e o direito de brincar. Lisboa: IAC.

Lourenço, A., Martins, F., Pereira, B., & Mendes, R. (2021). Children Are Back to School, but Is Play Still in Lockdown? Play Experiences, Social Interactions, and Children's Quality of Life in Primary Education in the COVID-19 Pandemic in 2020. International journal of environmental research and public health (18)23, 12454. https://doi.org/10.3390/ijerph182312454

Marôco, J. (2021) Análise Estatística com o SPSS Statistics. Lisboa: ReportNumber.

Martin, H., Farrell, A., Gray, J., & Clark, T. B. (2018). Perceptions of the Effect of Recess on Kindergartners. The Physical Educator (75)2, 245–254.

Mañós, R. V., Balagué, À. G., Virgili, N. A., & Montalà, M. D. (2019). Teachers’ perception of the right to free play in early childhood education and primary education. A study carried out in Barcelona (Spain). Bordon. Revista de Pedagogia (71)4, 151–165. https://doi.org/10.13042/Bordon.2019.71548

Massey, W. V., Perez, D., Neilson, L., Thalken, J., & Szarabajko, A. (2021). Observations from the playground: Common problems and potential solutions for school-based recess. Health Education Journal (80)3, 313–326. https://doi.org/10.1177/0017896920973691

McNamara, L. (2013). What’s getting in the way of play? An analysis of the contextual factors that hinder recess in elemen-tary schools. Canadian Journal of Action Research, (14)2: 3-21.

McNamara, L., London, R., Ramstetter, C., Baines, E., Beresin, A., Claassen, J., Doyle, W., Hyndman, B., Jarrett, O., Massey, W., et al. (2020). School Re-Opening? Make Sure Children Have Time for Daily Recess; Global Recess Alli-ance, 13 May 2020. Available online: https://globalrecessalliance.org/recess-statement/ (accessed on 20 July 2021).

Mellado-Rubio, R., Devís-Devís, J., & Valencia-Peris, A. (2023). La actividad física en escolares de primaria: cumplimiento de las recomendaciones y contribución del recreo. Retos (48), 366–373. https://doi.org/10.47197/retos.v48.96437

Moreira, S. & Madeira, R. (2017). “(Ser criança) é giro, é divertido… mas também é cansativo!”. In Sarmento, T., Ferreira, F.I., & Madeira, R., Brincar e Aprender na Infância (pp. 146-160). Porto: Porto Editora, Porto: Porto Editora.

Neto, C (2020). Libertem as Crianças. Lisboa: Contraponto.

Pallant, J. (2020). SPSS Survival Manual: A Step by Step Guide to Data Analysis Using the Program, 4th ed.; McGraw-Hill: New York, NY, USA.

Parrott, H. M., & Cohen, L. E. (2020). Advocating for Play: The Benefits of Unstructured Play in Public Schools. School Community Journal. Fall/Winter2020, (Vol. 30)Issue 2, p229-254.

Pastor-Vicedo, J. C., Martínez-Martinez, J., López-Polo, M., & Prieto-Ayuso, A. (2021). Recreos activos como estrategia de promoción de la actividad física: una revisión sistemática. Retos (40) 135–144. https://doi.org/10.47197/retos.v1i40.82102

Pawlowski, C.S., Andersen, H.B., Tjørnhøj-Thomsen, T., et al. (2015). Space, body, time and relationship experiences of recess physical activity: a qualitative case study among the least physical active schoolchildren. BMC Public Health (16)1:1-12.

Pereira, V., Pereira, B., & Condessa, I. (2016) Jogos e brincadeiras de hoje nos recreios do 1º ciclo do ensino básico: intervenção pedagógica na conquista do vocabulário de jogo. (Tese de Doutoramento em Estudos da Criança). Universidade do Minho, Braga.

Pestana, H., & Gageiro, J. (2014). Análise de dados para ciências sociais. A complementaridade do SPSS (6ª Edição). Edições Sílabo: Lisboa.

Ramstetter, C.L., Murray R., & Garner, A.S. (2010). The crucial role of recess in schools. J Sch Health. Nov;(80)11:517-26

Rico, A. P., & Janot, J. B. (2021). Children’s Right to Play and Its Implementation: A Comparative, International Perspec-tive. Journal of New Approaches in Educational Research, (10)2, 279–294. https://doi.org/10.7821/naer.2021.7.665

Rodríguez-Fernández, J. E., Rico-Díaz, J., Neira-Martín, P. J., & Navarro-Patón, R. (2021). Actividad física realizada por escolares españoles según edad y género. Retos (39), 238–245. https://doi.org/10.47197/retos.v0i39.77252

Rodríguez-Fernández, J. E., Pereira, V., Condessa, I., & Pereira, B. (2020). Valor atribuido al recreo escolar por el alumnado de 1.º ciclo de enseñanza básica en Portugal. Retos (38), 188–195. https://doi.org/10.47197/retos.v38i38.73784

Rodríguez-Fernández, J.E., Pereira, V., Condessa, I., & Pereira, B. (2020). Análisis de la utilización de equipamientos y espacios de los recreos en escuelas de 1º ciclo de enseñanza básica en Portugal. J. Sport Health Res.(12), 430–445.

Saraiva, L., Pontes, S., Santos, F, &; Sá, C. (2021). El recreo escolar en la Educación Infantil: desafíos y oportunidades de múltiples aprendizajes. Sportis Sci J, (7)1, 91-110.

Silva, M.C., & Sarmento, T. (2017). O brincar na infância é um assunto sério… In: Sarmento, T., Ferreira, F.I., & Madeira, R., Brincar e Aprender na Infância (pp. 40-56). Porto: Porto Editora.

Suarez-Lopez, J.R., Cairns, M.R., Sripada, K., Quiros-Alcala, L., Mielke, H.W., Eskenazi, B., Etzel, R.A., & Kordas, K. (2021). COVID-19 and children’s health in the United States: Consideration of physical and social environments during the pandemic. Environ. Res., 197, 111160.

Suleman S, Calderon Velazquez G, Haag T, Connor R, Marshall B. (2023). Implementation of CDC Guidelines for Recess: A Formative Research Study. Health Promotion Practice (24)1:81-91. doi:10.1177/15248399211036718

UN Committee on the Rights of the Child. (2013). General comment No. 17 on the right of the child to rest, leisure, play, recreational activities, cultural life and the arts (art. 31). Available at: https://www.refworld.org/docid/51ef9bcc4.html

Downloads

Publicado

2023-09-15

Como Citar

Lourenço, A., Pereira, B., Mendes, R., & Martins, F. (2023). Promoção do direito a brincar nas escolas do 1.º ciclo do ensino básico em Portugal: impacto no índice de satisfação das crianças e nas interações no recreio . Retos, 50, 817–825. https://doi.org/10.47197/retos.v50.99927

Edição

Secção

Artigos de caráter científico: trabalhos de pesquisas básicas e/ou aplicadas.

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)