Experiências brasileiras com TVs comunitárias

Autores/as

  • Valter Filé trabalhador no Laboratório Educação e Imagem da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Brasil). É co

DOI:

https://doi.org/10.3916/25883

Palabras clave:

Mídia comunitária, práticas comunicacionais, educação e produção de conhecimento

Resumen

Este texto pretende apresentar algumas experiências brasileiras de uso da linguagem audiovisual – TVs comunitárias, TVs de rua – a partir de dois projetos: a TV Maxambomba e a TV Pinel e seus ecossistemas comunicativos. A partir da minha inserção como membro de suas respectivas equipes, tenho buscado interlocuções entre os conhecimentos que estes trabalhos me propiciaram e as questões que rondam fazeres pedagógicos cotidianos de muitas escolas brasileiras. Questões que relacionam-se com as discussões sobre a televisão, os usos da linguagem audiovisual em práticas comunicacionais com pequenos grupos, a lida com as tensões das relações interculturais e das possibilidades de pensarmos sobre a produção de conhecimentos. A TV Maxambomba – 1985-2000 – atuou na região da Baixada Fluminense, zona periférica do Rio de Janeiro, considerada pela mídia comercial como zona pobre e violenta. A idéia inicial da TVM era de ajudar os moradores a discutirem seus problemas e, consequentemente, que pudessem organizarem-se em busca de seus direitos de cidadania. Com um telão sobre uma Kombi, percorria-se os diferentes bairros onde eram feitas exibições, ao anoitecer. Pretendia-se: provocar audiências públicas ajudando a recuperar os ajuntamentos populares que haviam sido reprimidos pela ditadura, recém finda; através da gravação de programas com os moradores dos bairros, introduzir outras imagens, na tela, questionando as imagens assépticas de um Brasil branco, de olhos claros e macho; ajudar a trabalhar a auto-estima de uma população fortemente vilipendiada que só aparecia na televisão em caso de tragédia e em todas as situações que pudessem ratifica-la como feia, violenta, como uma massa amorfa. A equação era simples: se a mídia tradicional mostrava as misérias daquele lugar, como generalização, nós, da TVM, mostrávamos os fazeres cotidianos das gentes - como mulheres de um determinado bairro faziam para resolver problemas de desemprego, criando uma cooperativa de costura e ao mesmo tempo criavam um espaço educativo-recreativo para os filhos; os artistas, os grupos culturais e as experiências de jovens na lida com seus problemas. Em 1995, a partir da experiência da TVM, fomos convidados pelo Ministério da Saúde para ajudarmos a pensar um projeto de uso do vídeo, num hospital psiquiátrico. A TV Pinel nasce em 1996 nos ventos da luta antimanicomial. Trabalhadores de saúde mental, familiares, loucos e vários setores do poder público, articulavam a reforma psiquiátrica, que entre outras pretensões, buscavam atacar as perversidades dos lucrativos negócios dos manicômios privados e o paradigma que sustentava a centralidade do saber médico, de tratamentos violentos e da exclusão física e simbólica. A Reforma, de saída, aspirava por novas interlocuções, a convocação de saberes interdisciplinares, do fechamentos dos manicômios e a busca de novas maneiras de relacionamentos com os sofrimentos psíquicos. Dentro do hospital Philippe Pinel, a TVP tem envolvido em suas atividades, usuários dos serviços, funcionários e técnicos. Materializa-se como um espaço de interação que se dá, não a partir das relações e dos papeis desempenhados por cada um dentro da instituição, mas pelas demandas de projetos de produção de vídeos.

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Publicado

2005-10-01

Número

Sección

Investigaciones